sexta-feira, 8 de outubro de 2010

SINCRONICIDADE OU UNUS MUNDUS




buzz-sincronicidade>

IDEIAS PARA 2013

SINCRONICIDADE

A dependência entre tudo o que existe, ou interdependência universal, que os orientais glosaram sob a designação hindu (sânscrita) de «karma», evidencia o preço que todo o ser humano paga pelos seus actos e pensamentos, pelo prazer que usufrui ou pelo sofrimento que inflige a outrem .
É como se Deus existisse e não perdoasse nada a ninguém, não ficasse a dever nada a ninguém.
Tantra, no budismo tibetano, é rede e rede tem o mesmo sentido de malha apertada, de interconexão, de ecossistema, de continuum universal, sem princípio nm fim, interminável e pleno, como o budismo tibetano, também chamado tântrico.
A moderna ecologia humana diz o mesmo mas, enquanto ciência, condenada a ser sectorial e sectária, não universaliza: localiza a interdependência só onde ela é mais imediata e óbvia, quando o efeito se sucede à causa com suficiente clareza e evidência.
Causa-e-efeito foi o mecanismo que a ciência positiva ocidental adoptou em vez da sincronicidade que regula o pensamento das sabedorias tradicionais. O psicólogo suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), num livro famoso, estudou o «inconsciente colectivo» à luz desta sincronicidade, modelo de ordenamento do universo que se distinguiria, por oposição, do mecanismo de causalidade linear.
Enquanto a sincronicidade conduziria a uma dialéctica flexível, a causalidade linear é acusada de levar ao dualismo, à dogmática e à violência sectária.

*

LINKS RELACIONADOS:

http://roadbook2.blogspot.com/2006/08/sincronicidade-98.html

*

DESENVOLVIMENTO DA IDEIA:

1-4 - 98-08-15-hv-at> = a tese vibratória – 5 estrelas - dcm88-1>

15-8-1998

ANTECEDENTES DA HIPÓTESE VIBRATÓRIA - O DIVERSO DO UNIVERSO HUMANO

- Interdependência: ideia-chave em Ecologia Humana
- Religar macro e microcosmos
- Continuum universal
- Tantra e tantrismo
- Sincronicidade de Jung
- Monstros e monstruosidades

Palavras-chave deste texto:
Predestinação
Reincarnação
Karma
Comportamento
Yoga
Religação/Religião
Holística
Holismo
Tantra
Continuum universal
Sincronicidade
Dialéctica
Iatrogénese
Justiça
Efeito de boomerang
Solidariedade
Compaixão budista
Caridade cristã
Liberdade
Cosmogonia hermética

Autores citados:
Marguerite Yourcenar
Roberto Rosselini
Garl Gustav Jung
Albert Camus

Tema central da moderna ciência ecológica, a interdependência remonta à mais antiga reflexão filosófica sobre o destino humano.
Com o nome de predestinação, a interdependência seria mesmo próprio destino, que em outros momentos históricos e lugares do mundo tomou o nome de «fatum» trágico.
Daí que haja um certo ar de família entre ecologia humana e tragédia helénica.
O «Adriano» de Marguerite Yourcenar ou o «Luís XIV» de Roberto Rosselini são exemplos geniais de ecologia humana, versões típicas da interdependência entre uma figura - um comportamento - e o seu ambiente histórico. São antecipações de um axioma moderno fundamental: ambiente determina comportamento.
Como se sabe, por jornais e revistas (especialmente as revistas ditas femininas, da «Elle» à «Marie Claire») o «behavior» paira como grande descoberta nos «media» perturbantes e perturbados da nossa época.
Com um nome recuperado da cosmogonia hermética ( «o microcosmos é igual ao macrocosmos), o «behavior» ou comportamento começa a ser conhecido pela ciência holística, e raros dicionários modernos referem a palavra holismo, pondo a tónica na unidade onde antes dominava a dispersão.
O filósofo francês Lanza del Vasto viu na desintegração atómica - e na bomba como seu paroxismo - um símbolo e uma profecia do nosso tempo desintegrado, sem nexo nem religação/religião, palavra que como a palavra «yoga» e como se sabe significa religar: o céu e a terra, o macro e o microcosmos, o divino e o humano, o ambiente exógeno e o ambiente endógeno.
A dependência entre tudo o que existe, ou interdependência universal, que os orientais glosaram sob a designação hindu (sânscrita) de «karma», evidencia o preço que todo o ser humano paga pelos seus actos e pensamentos, pelo prazer que usufrui ou pelo sofrimento que inflige a outrem .
É como se Deus existisse e não perdoasse nada a ninguém, não ficasse a dever nada a ninguém.
Tantra, no budismo tibetano, é rede e rede tem o mesmo sentido de malha apertada, de interconexão, de ecossistema, de continuum universal, sem princípio nm fim, interminável e pleno, como o budismo tibetano, também chamado tântrico.
A moderna ecologia humana diz o mesmo mas, enquanto ciência, condenada a ser sectorial e sectária, não universaliza: localiza a interdependência só onde ela é mais imediata e óbvia, quando o efeito se sucede à causa com suficiente clareza e evidência.
Causa-e-efeito foi o mecanismo que a ciência positiva ocidental adoptou em vez da sincronicidade que regula o pensamento das sabedorias tradicionais. O psicólogo suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), num livro famoso, estudou o «inconsciente colectivo» à luz desta sincronicidade, modelo de ordenamento do universo que se distinguiria, por oposição, do mecanismo de causalidade linear.
Enquanto a sincronicidade conduziria a uma dialéctica flexível, a causalidade linear é acusada de levar ao dualismo, à dogmática e à violência sectária.
Mas se o elo de interdependência entre causa e efeito se verifica no diverso do universo humano, a ciência moderna recua, recusando responsabilidades. Os responsáveis, ao contrário da etimologia da palavra, não respondem quando se trata de responder pelas consequências e pelos efeitos resultantes de causas agressivas e agressoras.
Esta demissão da ciência moderna, infelizmente, é responsável por algumas das maiores tragédias do nosso tempo, uma linha ininterrupta de catástrofes que se abatem sobre o ambiente humano.
No caso da medicina, quando 90% por cento das doenças são hoje provocadas pela própria medicina, é evidente que a ciência em geral e a ciência médica em particular ignora e ignorará este fenómeno de interdependência, chamado iatrogénese, não se responsabilizando nem respondendo por ele e lavando daí as suas mãos como Pilatos.
O efeito de boomerang que se pode verificar em casos típicos de ecologia humana e social (os sete homicídios de Vítor Jorge, por exemplo, que ficaram na história da criminalidade em Portugal, não agrada, regra geral, à engrenagem que o promove e provoca.
A palavra engrenagem, tal como a palavra sistema e ecossistema, implica a ideia central de interdependência das partes componentes.
A sociedade, porém, não aceita de bom grado que lhe dê na cara aquilo mesmo que ela produziu ou segregou. Mas foi a interdependência, mais uma vez, a manifestar-se.
A sociedade do stress e da violência (que os órgãos mediáticos multiplicam por mil) é a principal causa do alcoolismo: mas quando um condutor da Rodoviária Nacional ( jornais de 17/8/1988) é detido com nível elevado de alcoolemia, a sociedade só sabe enviá-lo a tribunal, quando deveria ser ela - engrenagem - a sentar-se no banco dos réus.
A interdependência glosa sempre o tema da (in)justiça, quer humana, quer social, quer divina.
Diz a filosofia hindu que a nossa geração poderá estar a pagar culpas de anteriores reincarnações praticadas individual ou colectivamente.
Ninguém sabe ao certo (só a certeza da fé sabe) se as patifarias (recebidas) neste mundo terão remissão no outro, ou se são já a pena que pagamos por anteriores patifarias de anteriores reincarnações e vindas a este mundo.
Ninguém sabe mesmo se existe outro mundo e alguns recordam que para chatice já basta um, já basta este.
Ninguém sabe, portanto, se existe justiça divina, embora as doutrinas que se baseiam nessa crença tenham mais hipótese de cair no goto dos mortais.
Para a mente humana, traumatizada por tantas e tão grandes injustiças humanas, é insuportável que um crime fique impune, especialmente se formos nós a vítima desse crime.
Assistindo como se assiste, nesta idade de kaliuga, a tão intoleráveis chacinas. de Timor Leste ao Afganistão e ao Tibete, sem que se veja, perto ou longe, a punição de tão monstruosos crimes, é natural que os mortais se perguntem - até onde? até quando? - se não haverá nunca a mão de Deus para pôr pé neste mundo e fazer justiça.
A interdependência tem para os mortais duas faces: a da condenação e a da libertação.
A interdependência é libertadora quando entendida como o fatalismo da solidariedade: os homens e todos os seres estariam condenados a ser solidários para sobreviver. O «Solidariedade ou morte» dos modernos guerrilheiros glosa o tema do escritor francês Albert Camus (1913-1960), o «solitário/solidário».
O budismo tibetano tem a palavra «compaixão» para exprimir esta intersolidariedade e o cristianismo quase acertou com o sentido original da palavra «caridade».
Mas a interdependência vira uma condenação quando a vemos como a monodependência cega de algo, alguém ou alguma instituição, partido, escola, corrente, ismo, ideologia, lobby, bloco hegemónico, força económica, etc.
De tal modo que se impôs, no panorama da imprensa, o aparecimento de um semanário intitulado «O Independente», insinuando, subtil, de que todos os outros, de que tudo o resto é...dependente.
A (inter)dependência, nesta acepção, é considerada negativa, um lastro insuportável, um odioso handicap e proclama-se a dependência como virtude, qualidade, atributo, bem inestimável.
Modernamente e carregada de conotações negativas surge a toxicodependência, mostrando como pelo hábito, pelo vício, o ser humano se deixa escravizar ou pode libertar: em qualquer dos casos, a eterna ambiguidade da palavra interdependência.
A eterna ambiguidade da palavra liberdade.
***
--
Posted by artigot to THE WAY at 8/14/2006 09:28:00 AM
+
marc de smedt>

A SINCRONICIDADE SEGUNDO MARC DE SMEDT

O encontro com as arquitecturas do passado tem por vezes um halo de predestinação, no sentido em que André Breton empregava o termo "acaso objectivo", e Carl Gustav Jung utilizava o termo "sincronicidade". Um acaso significante e perturbador.
Jung concordava também com a ideia de uma criação contínua e sucessiva, vendo na continuação do tempo "a presença eterna do acto de criação único", provocando assim, continuamente, uma espécie de ordem criativa no seio de um Unus Mundus, mundo único e unitário do qual não só todas as forças e diversidade de fenómenos emergem, como também, apenas pela sua existência, estas forças representam e alimentam esse mundo. Matéria criada-criadora, substâncias fecundadas e fecundadoras, onde essas forças se assimilam, e, mais uma vez, se perpetuam... infinitamente. Nesse mundo, nessa teia, tudo está ligado, tudo está unido. Falando do acaso, prefiro empregar definições simples como: coincidência significativa, circunstâncias síncronas, acontecimentos simultâneos ou, porque não, evocar as correspondências, tão caras a Baudelaire. Cada um de nós as vive no quotidiano. Deste modo, o facto de eu pensar em alguém, e a seguir esse alguém me telefonar ou se cruzar comigo na rua, é a situação-tipo desse género de acontecimento, que prova a existência de um canal telepático que existe em nós, que se confunde por vezes com aquilo a que chamamos intuição. E o seu silêncio.
Marc de Smedt, in «O Elogio do Silêncio», pg. 134, Editora «Sinais de Fogo», Lisboa, 2001

Nenhum comentário:

Postar um comentário